sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

[espera poética] A véspera

s4br 2006©

Staroměstské náměstí, Praga, CZE

A espera, o ainda não, o antes,
Consumido pela expectativa, desconcentro-me.
Insônia, inquietude, tensão,
Fazem de mim seu refém, sua vítima.

A véspera, o que ainda está por vir,
Corroído pela incerteza, contraio-me.
Solidão, melancolia, apreensão,
Fazem de mim prisioneiro, cativo.

As horas transcorrem de forma irregular,
Clepsidras e ampulhetas traem-me os sentidos,
O que vejo, o que ouço, eis que se transforma,
Espaço e tempo confundem-se, rompo tal barreira.

Fatos desapercebidos, frases ignóbeis, atos falhos,
Passado e futuro agora desvelam-se, vívidos
Cristalinos, brilhantes, não há mais o que temer:
Lúcido, recebo o presente, de braços abertos!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

[happy hour poético] A meus amigos indiscretos.

s4br 2006©

Meio cheio ou meio vazio? Você decide. (Cerveja Staropramen em Praga)

PASSOS apressados, frenéticos,
Neurose sazonal, transe coletivo,
Ruas e avenidas tomadas, tráfego intenso,
O atraso de um ano todo a desaguar num só dia.

Segue a tensão, filas e mais filas,
Em mesas esnobes, amigos secretos, ocultos,
Revelam-se inimigos declarados, vorazes,
Levantam-se copos e taças à falsidade e à mentira.

Deixe-me fora disso, por favor!
Preciso de meus amigos indiscretos,
Únicos e verdadeiros, ébrios ou não,
Pois onde quer que estejamos, seremos!

A ouvir música, a brindar com alegria,
Nada de tapinhas nas costas ou bajulações,
Somente a satisfação de sua fraternal presença,
Pois em bando, somos crianças crescidas, felizes.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

[SMS poético] Mais um dia...

s4br 2006©

Da janela do trem, vejo...

MAIS um dia.
Mas que não será
Um dia a mais, em vão.
Pois tenho em mim
A tua lembrança.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

[exercício poético] Kono porutogarugôhaikai o kakimashita...

s4br 2006©

Národní muzeum, Praga, CZE

O novamente! Eis mais alguns 'haikai', compostos em diferentes momentos e situações.

Para conhecer um pouco mais sobre o haikai, segue referência ao [ Site de Literatura ], regido pela Prof.ª Valéria, de Belo Horizonte. Confiram as demais seções do sítio, deveras informativo e interessante.

Espero que seja do agrado.

Forte abraço a todos!


Vivos (ao ouvir José Cid e o Quarteto 1111)
Cantamos pessoas vivas,
Celebramos o ser,
Com sons, palavras e versos.

Ciclo
Semente e broto novo,
Nascer, viver, morrer,
Eterno ciclo natural.

Alimento
Combustível, a mover-me,
Recarregar-me, pois,
Renovado, enfim, renasço.

Bebida
Se só em líquidos,
Liquidando-me estou,
Sequem a fonte, por favor!

Cefaleia
Dor latente e aguda tenho,
A cabeça dói, dói,
Pra que fui beber de novo?

Minha Lua
Deitado, contemplo a Lua,
Penso, seria de
Queijo ou pedra? Não importa...

Silêncio
Ouvi sons os mais diversos,
De manhã, à noite,
Mas agora, é só silêncio...

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

[poesia meteorológica?] Cheiro de chuva

s4br 2006©

Václavské námestí, Praga, CZE

CHEIRO de chuva, tempestade à vista,
Nuvens negras formam-se apressadas,
Ventos sopram, anunciam a tormenta,
Trazem de longe, vapor d'água e fúria!

Frio e calor mesclados, clima tropical,
Escorre o suor pela testa, cansaço,
Umidade relativa do ar em alta,
Incômodo e alívio no fim de tarde urbano.

E de camarote, onde quer que estejamos,
Alguns, do alto de prédios e arranha-céus,
Outros de dentro de ônibus e carros,
Apurado, paro sob velhos toldos rasgados,

Assistimos a um espetáculo por vezes ignorado:
A água a cumprir sua sina, seu ciclo natural,
A ensinar que mesmo que o bueiro pareça ser o fim,
Na verdade, nosso destino é céu e o mar, infinitos.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

[indignação poética] De dentro de um ônibus, eu vejo...

s4br 2006©

E que horas são?

COMBUSTÍVEIS fósseis, queima incompleta,
Cigarros acesos, fumaça ao alto, inconsequentes,
Ricos, pobres, burgueses e mendigos,
Terra de ninguém, mundo cão. E quem se importa?

Mentes indóceis, vida desperdiçada,
Armas apontadas, mãos ao alto, impiedosas,
Nobres, plebeus, senhores e vassalos,
Terra abandonada, mundo frio. E a quem interessa?

Meros recursos, sem distinção de credo e origem,
Presos à terra, vínculo compulsório, perpétuo,
Vivemos a nova idade média, feudalismo moderno,
Sob trevas de concreto e aço, asfalto e fuligem,

Chuva ácida, corrosiva, destrói mentes e pensamentos,
Brutalizados, perdemos a noção de espaço e tempo,
Entregues à fúria, à bioquímica e a atos reflexos,
Meros seres existentes, irracionais, não mais viventes.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

[inspiração imediata] P'ra que saber?

s4br 2006©

Perdidos em Karlův Most, Praga, CZE

P'RA que saber onde estou?
Queria mesmo era perder-me em ti...
Pois em ti perdido, encontro-me,
Situo-me, enfim, dentro deste vasto mundo.

P'ra que saber onde estás?
Queria mesmo era encontrar-te em mim...
Pois em mim encontrada, perde-te,
Situa-te, enfim, fora desse vasto mundo.

P'ra que saber onde estamos?
Queria mesmo era fugir daqui, juntos...
Pois longe daqui, somos enfim, nós mesmos.

Sem olhares vigilantes, censuras,
Sem palavras proibitivas, desconfianças,
Só e somente só, em nossas verdades...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

[crônica poética] Libertação

s4br 2006©

Václavské námestí, Praga, CZE

PROCLAMO! Sim, hoje é dia de libertação!
Tirem-me do 'insul-film', desse vidro laminado!
Permitam que eu veja e que me vejam!
Quero sentir o vento, nada de ar condicionado!

Os malabares naquela esquina não me divertem,
Ver miséria e privação no fim da rua não me entretém.
Se o ser humano é o maior espetáculo da Terra,
Pra onde foi o 'show' neste ano que se encerra?

Encosto o carro. Sob tensão, fujo.
Fujo da pressa. Sem pressão, respiro.
Respiro fundo. Mais calmo, observo.
Observo com atenção. Agora compreendo.

Compreendo que se há uma saída
Desta jaula urbana, opressora e fria,
A saída é libertar-se do pavor, da angústia,
É não temer falar de amor, falar de vida!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

[reflections of passion] Um para o outro...

s4br 2006©

Uma rosa, um jardim...

SORRISOS contidos, timidez.
Olhares profundos, sinceridade.
(re)Encontro inusitado, celebração.

Gestos tão simples e verdadeiros,
De pequenas e suaves mãos a mim encantam.
Como resistir? Tento, reluto, não há meios!

Cada palavra tua é musical, melódica,
Quanto mais a ouço, mais a quero conhecer:
Conte-me e todo o meu também contarei.

Estórias de nossa história, lugares e fatos,
O mesmo tempo que nos separou, agora
Serve de motivo para animada conversa.

Um bocejo seu, já é tarde e o sono surge,
Tão logo a acaricio, ofereço colo e atenção:
Sonho com beijos, abraços, suspiros...

Mas é hora de partir e não quero crer,
À medida que nos afastamos, sinto-me triste:
A primeira vez que nos vemos não há de ser a última!

Hoje, porém, perdido em mim mesmo e
Em vastos pensamentos, pergunto-me:
Quem e quando seremos um para o outro?

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

[poesia radioativa] Exposição

s4br 2006©

Frankfurt Hauptbahnhof: A vida passa rápido (como um trem-bala ICE)...

EVITO a exposição, exposto à radiação,
Obras expostas, mentes indispostas,
Exponha suas ideias, em troca receba dúvidas,
Seja você mesmo, não seja mais ninguém.

Acreditar em quem? Em quem em nada crê?
Sei bem ir pra onde quero, mas quem quer ir também?
Quem convido ao caminho, noutra direção caminha,
Quem evito e desvio, teima em cruzar meus trilhos.

Urânio, Netúnio e Plutônio enriquecidos,
Combustível nuclear, energia do futuro,
As órbitas mais distantes da estrela do dia,
Inspiram e nomeiam tal material mortífero.

Entretanto, mais letal, cruel, lento e corrosivo,
Fusão nuclear a frio, bomba atômica sentimental,
Seu amor é leucêmico, mutante, reação em cadeia,
Sua meia-vida. Minha inteira-morte.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

[reflexão poética] E não foi amor de praia...

s4br 2006©

Alte Brücke, Frankfurt, GER

I

E não foi amor de praia,
Esse, que como sempre ouvi dizer,
Não sobre a serra.

É simples e puro, como deve ser,
Mas de tão verdadeiro que é,
Às vezes assusta, intimida:

Será mesmo pra ti um Amor assim?


II

E não foi amor de praia,
Que como passos na areia,
Uma mera onda apaga.

É secreto e íntimo, como deve ser,
Mas de tão sutil que é,
Às vezes esconde-se, num mar de sensações:

Será mesmo pra mim um Amor assim?


III

E não foi amor de praia,
Que preso ao limo das rochas,
Não cresce jamais e por lá fica.

É forte e intenso, como deve ser,
Mas de tão profundo que é,
Às vezes chega a doer, sem machucar:

Será mesmo pra nós um Amor assim?

terça-feira, 21 de novembro de 2006

[serviço] Divulgação de obras de domínio público

s4br 2006©

Teatro Mágico (Teatro Dom Bosco, Campinas, a convite de Trebor Basques!): A arte em movimento, o palco...

SAUDAÇÕES!

Eis algo que não podemos deixar passar em branco! São obras de domínio público, textos, sons, vídeos e imagens, disponíveis a todos, no Portal Domínio Público, do Governo Federal.

O acervo digital inclui desde obras de Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa e Machado de Assis, até mapas antigos, fotografias e obras narradas em formato MP3.

Eis o enlace para consultas e divulgação:

http://www.dominiopublico.gov.br

Forte abraço a todos!

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

[crônica poética] Gente com medo de gente

s4br 2002©

São Paulo by night...

SOZINHO, ando pela metrópole,
Sou grão de poeira em meio à fuligem,
Engrenagem suja e empenada
Da fria máquina de fabricar máquinas.

Anonimato: benção ou maldição?
Não sei quem está por trás da outra porta,
E tampouco sabem se estou vivo ou morto.
Mas será que eu mesmo sei quem sou?

Silêncio de elevador, não há escadas,
Por instantes, o público torna-se íntimo,
Espirrar, tossir, pigarrear? Nem pensar!
Dentro desta caixa, somos todos 'milordes'!

Olhares desviam-se, as cabeças baixas,
Fingem procurar algo nos bolsos, disfarçam.
Tento descobrir quem está ao lado. Em vão.
Pois isto é gente com medo de gente...

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

[en español] Ventana

s4br 2006©

Horário inusitado, astros e mentes alinhadas...

VENTANA abierta,
Horizonte largo,
La mirada se va a lejos,
Los ojos, a las nubes...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

"Music Non Stop!" (ou seleção musical de Milford Maia)

s4br 2006©

Willy Brandt Platz, Frankfurt, GER

HOJE inicia-se uma nova sessão neste espaço. Trata-se de "Music Non Stop!" (ou seleção musical de Milford Maia).

Em tempo: o título é uma desvelada homenagem ao Kraftwerk, pioneiros alemães da música eletrônica mundial.

Minha relação com a música, a qual procurei descrever no texto Minha música. Nossa música. Aquela música. vem à tona nestes próximos "posts".

Consultem periodicamente o endereço Seleção Musical de Milford Maia para ver as novidades.

Para começar, indico Gotan Project, um inusitado encontro entre o tango e a música eletrônica. O sensacional tema Notas sintetiza bem o espírito deste trabalho. Surge um desejo incontrolável de tomar o primeiro avião para Buenos Aires e viver tudo isso pessoalmente. Vale a pena!

Enfim, espero que seja de bom proveito.

Forte abraço!

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

(mais sete) Haikai

s4br 2006©

Pra onde v(o)amos?

EIS mais sete (quase) Haikai. Uns mais gerais, outros mais pessoais. Porém, todos destinam-se a despertar algo em quem os lê.

Forte abraço!


Final de dia
Roupa, sapatos cansados,
Nó da gravata solto,
Garçon?


Pressa
Hoje, o amanhã de ontem.
Então,
Por que a pressa?


Baile
Passos combinados,
Ele baila,
Ela brilha.


Mescla
Um pouco de tudo,
Mosaico humano,
Ser e não ser.


Dizer
Dizer em silêncio,
Ação concreta,
Palavras justas.


Temperos
Temperos, sabores, aromas,
Sensações e lembranças,
Lugares e viagens.


Flug
Abflug und Ankunft,
Despedidas e retornos,
Flughafen oder "Flug-Heaven"?


quinta-feira, 21 de setembro de 2006

(proto) Haikai [Haiku]

s4br 2006©

Oper Frankfurt, GER

DE volta! Sim, após um breve período de ausência, volto a postar neste espaço.

Para (re)começar, lanço meus primeiros passos no Haikai (ou Hai-ku). Os verdadeiros, que advém da tradição japonesa, são poesias mínimas, de conteúdo profundo, sublime. Com poucas palavras, diz-se muito. Espero agradar.

Forte abraço!


Operações
Divido e multiplico (alegrias),
Somo e subtraio (tristezas).
Em quatro operações, apresento-me.


Contradição
Ser e contradizer-se em si mesmo.
Yin, que contém Yang, que contém Yin.
Infinito equilibrio.


Jornada
Jornada é benção,
Caminho trilhado e vivido,
Tudo a seu tempo.


Foz
Vejo refletir um rio
Em olhos que desaguam n'alma:
Foz de verdade e paixão.


Estações
Quatro estações num só dia.
Várias árvores na mesma árvore,
Sobrepostas, de dentro para fora.


Exílio
Distante em mim mesmo e
Mais próximo do que nunca.
Exilado, encontro-me.


Anjo bárbaro
Cuida de mim, oro por nós,
Busco ajuda e busca encontrar-me,
Sem posse, somente desejos...


sexta-feira, 21 de julho de 2006

[busca poética] Uma pista para encontrá-la

s4br 2006©

Franz Ferdinand Castle, Konopistě, CZE.

ESTRADA vazia, caminho sinuoso, um bosque.
Sinais em língua bárbara afirmam já estar perto,
Logo ali, nem meia milha para chegar.
Onde foi que esta tal de Arquiduquesa foi morar?

Traços de nobre presença começam a surgir:
Jardins floridos, esculturas de inspiração clássica,
A capela, o átrio, o qual prepara as noivas para o Sonho,
Troféus de caça, ursos e pavões aguardam-me à porta.

Surpreso com a rebuscada visão que tenho,
Soam trombetas e uma leve brisa toca-me a face,
E lá no alto daquela torre, bem no alto, lá estava ela,
Encerrada, solitária, à espera de minha ousadia e coragem.

Não restou opção, senão a de vencer dura e fria escadaria.
Antigos degraus levariam-me a um novo Amor? Claro, por que não!?
O que não faz um valoroso cavaleiro pelo belo e puro sorriso de sua Musa?
E eis que hoje somos um mais uma, nós a sós na Velha Torre...

sábado, 15 de julho de 2006

Alquimia [Theophrastus Philippus Aureolus Bombastus von Hohenheim]

s4br 2006©


Alquimia.

SERÍAMOS nós também Alquimistas,
Doutores capazes de transmutar a matéria,
Já que temos por prática transformar
Meras rochas brutas em estrelas cadentes,
Minerais em astros de brilho raro e efêmero,
Detritos cósmicos em oráculos divinos?

domingo, 9 de julho de 2006

[A Musa e o Relógio] O Trem, o Verde, o Sonho

s4br 2006©

Plzeń Hlavní Nádrazí, Plzeń, CZE

Musa, do grego Moûsa, é o termo que sabiamente define, segundo o dicionário português on-line Priberam, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx:

Substantivo Feminino:
- Cada uma das nove deusas que, de acordo com a mitologia romana, presidiam às artes liberais;
- Divindade que se supunha ser inspiradora da poesia; por extensão, tudo aquilo que inspira um poeta;
- Poesia;
- Inspiração;
- Estro (imaginação criadora; entusiasmo artístico; veia poética;).

Posso até estar errado, mas creio ter me encontrado com uma destas tais divindades e grato estou pela benção recebida. Coincidência ou não, ao olhar ao relógio da estação, este marcava "11:11h". Quem já presenciou tal fato, sabe bem do que se trata.

E eis que furto-me novamente a rabiscar alguns versos, a lembrar-me do apito do trem, da verdade daqueles olhos e da sensação única de ser e estar ali.

Forte abraço!


s4br 2006©


O trem, o verde, o sonho.

UM novo trem parte da velha estação
Rumo a oeste, a apostar corrida com o Sol,
A rasgar a predominância hostil do campo,
E a seguir sua sina de partidas, despedidas e apitos.

Já que outras terras estão por conquistar,
Vislumbro janela afora, a sonhar com o futuro,
Vivo os devaneios de um menino, o doce, o presente
Prometido, a merecida recompensa, enfim, chegara.

Meus bons modos, ao simular tranquilidade
De homem decidido, conhecedor do tema,
De nada servem para ocultar meus desejos,
Tampouco a escura lente sobre meu rosto o faria.

Pois os olhos não mentem, espelho d'alma,
As pupilas bem abertas, não há pestanejos.
Frente a frente, mesmo sem saber sequer os nomes,
Somos um do outro, disto sim sabemos em silêncio.

Transpiração, inspiração, respiração... Haja coragem!
Quantos pensamentos, intensões... Abaixo aos protocolos!
Tão logo os seus tornam-se meus e, ai de mim, os meus,
Perdem-se em sua verde imensidão, tornando-nos unos.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Mi Cariño [Uma Estopa limpou-me os ouvidos!]

Estopa

¿La calle es tuya?, de Estopa

Dois irmãos que realmente são do ramo! Em seu 'blogue', o amigo Trebor Basques [ http://treborbasques.blogspot.com ] apresenta o duo catalão 'Estopa', formado por José e David Muñoz.

De uma amiga recém-chegada da Espanha, ganhei ¿La calle es tuya?. Fulminante. Avassalador. Irresistível.

Lembrei-me, então, de algo que havia escrito há tempos atrás, que vem de encontro com o atual momento, inspirado mais no desejo de possuir do que a própria posse. 'Te quiero, mi cariño'...

Forte abraço!

P.S.: Tal qual faço n'O Gato que Pesca [ http://ogatoquepesca.blogspot.com ], deixo algumas faixas no 4shared para que possam conhecer o grande Estopa.



Mi cariño

TE quiero, sin dudas
Te miro, tan lejos
Eres mi cariño, mi vida
Flaca, bella, mi nena tan linda.

Tu mirada, un mistério
Tu boca (y tus labios), mi deseo
Tu cuerpo, tan delgado, me hace perder la cordura
Tus manos, tan firmes, el toque mágico de hada.

Sin embargo, sigo acá, caminando
Los días siguen iguales, en cenizas
Esperando una señal, una sonrisa.

¿Que hago para mezclar
Mi mentira y tu verdad, mis sueños y tu realidad,
Mi silencio y tu explosión, tus miedos y mi pasión?

quarta-feira, 5 de julho de 2006

O Samba de Kutná Hora [De trilhos de trem, campos floridos e ossos, criei um samba!]

s4br 2006©

Praha Hlavní Nádrazí, Praha, CZE

Há na vida certos lugares, certos momentos que merecem e exigem registro. Uma simples viagem de trem, uma antiga cidade, tradições seculares, história e estórias a serem descobertas.

Uma vez lá, contradigo-me e encontro-me, no meu próprio âmago há o sim e o não, o poder e o não poder, o novo e o velho, o alto e o baixo, o início e o fim.

Se só a morte nos faz iguais, que sejamos, em diferentes dias, diferentes e únicos em cada jornada.

E para celebrar este dia e muitos outros que virão, atrevi-me a criar uma canção, que acredito cair bem como um samba (veja só!). Nunca fui compositor, mas lá vou dar o meu pitaco...

Forte abraço!


s4br 2006©

Trabant, um símbolo dos tempos de Socialismo (made in DDR!), numa calma rua de Kutná Hora, CZE.

O Samba de Kutná Hora

EU vi
Capelas naquele lugar,
Caveiras sobre um altar.
Subi
Ladeiras para ali chegar.
Kutná Hora,
Sempre vou lembrar.

Escondida
No centro da Europa Velha,
Palco de batalhas
E Casa de Reis Boêmios.
Ossos decorados à vista,
Lugar
Pra não esquecer na vida.

Esta cidade
Nunca teve um samba.
Talvez
Seja por isso que (eu) estive lá,
Já era tempo,
Não sei via a hora,
Pro Samba de Kutná Hora!

quinta-feira, 29 de junho de 2006

[novas plagas] Praga Minha

s4br 2006©

Descendo a ladeira em Prazký Hrad...

Saudações!

Duas semanas e meia de hiato e cá estamos de volta. Novos ares respiro, novas ideias e pontos de vista surgem...

Forte abraço!

Plaga minha.

FOGUEIRA de vaidades, caminho de beldades,
Presente e passado, moderna e antiga,
Tantas são as saudades e uma só a verdade:
Como é bom poder reencontrá-la!

Por entre vidraças e placas, procuro entendê-la:
Leio quase tudo, mas muito pouco entendo.
Nobres raízes distintas, barbarismos longínquos,
Encontro de poetas e musas, de angústias e paixões.

Cidade aberta, traz da aorta azul que a alimenta,
Brisa fresca e calor humano, sobre a Ponte do Rei,
Ouço violinos pelas ruas, buzinas, crianças e bondes.

Trilhos que me levam ao seu coração, ao seu Castelo.
E lá do alto a admiro, me apaixono, me entrego.
Minha Praga, minha plaga, meu Amor.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

[Às vesperas de Santo Antônio...] Sangue e brilho

s4br 2006©

Enfim, a noite... :D

Saudações!

De repente, ocorreu-me um trecho de uma conhecida canção junina:

Pula a fogueira ia-iá,
Pula a fogueira io-iô,
Cuidado para não se queimar,
Olha que a fogueira já queimou o meu amor...

Às vésperas de Santo Antônio, celebro a tênue fronteira entre Amor e Ódio.

Forte abraço!


Sangue e brilho.

ESTAVA maravilhado, sua beleza ofuscava-me os olhos!
O que num primeiro instante pareceu-me a redenção,
A novidade, a salvação do que antes estava perdido,
Mostrou-se, enfim, o mais duro golpe contra o peito desferido.

No badalar dos sinos, ainda buscando esperanças,
Tentei, em vão, fazer com que o fascínio voltasse:
Talvez fossem meus olhos que não enxergavam bem,
Ou uma névoa passageira, que sorrateira, a visão me ocultava.

Entretanto, ao dissipar-se a bruma, a imagem que vi era outra:
O brilho de sua cruel adaga, refletido no sangue derramado,
Seu irônico sorriso, o prazer em ver a queda do oponente.

Sim, era o meu sangue que vertia, morno, tenso e farto.
Sem forças, a vista enegrecida, já não mais pensava,
Nem prantos havia, só um coração partido e lágrimas, muitas lágrimas...

sexta-feira, 9 de junho de 2006

[herói do mar?] O bom marujo

s4br 2006©

Navegar é preciso...

Saudações!

É tempo de mudanças, é tempo de renovação. Transpiro os versos abaixo, inspirado no inexorável movimento da "Roda da Vida".

Forte abraço!

O bom marujo.

O bom marujo sentia-se cansado de tantas viagens,
Não que o mar não mais lhe encantava, isso jamais!
Mas sim, por um coração solitário, triste e marcado
De amores e desamores, venturas e desventuras.

Eis que já em repouso, em terra firme, sob a brisa do oceano,
Recebe a boa nova: não estaria no continente o que tanto buscava,
Senão no próprio mar! O apito do velho vapor o chamava! Adeus!
Outros caminhos, portas abertas, nova rota a percorrer!

Se num dia, o que tinha em mãos era incerto e duvidoso,
Hoje o vento sopra em popa! A estibordo a nave segue,
O velho porto já é passado e o novo porto se aproxima.

O que encontrará lá, ninguém sabe. Lutas e guerras? Um mar revolto,
Tormentas e tempestades? Não importa. Pois, de coração aberto
E espírito renovado, só lhe resta cumprir sua sina, seu destino: Navegar!

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Meu destino, seu destino, nosso destino...

s4br 2006©

A Menina, o Cisne, o Rio.

Da série "Momentos de transpiração inspirada", por Milford Maia:

Meu destino, seu destino, nosso destino...

DESTINO, o que é você, doce ou cruel destino?
Quem o escolhe? Quem o decide? Quem o prevê?
O tempo urge, as horas passam, os dias vem e vão,
O que antes parecia durar, agora se esvai em instantes.

O passado já ficou pra trás, é brisa que passou,
É gota de chuva caída e que escorreu pela testa.
E o que nos resta é aprender com ele,
Olhar pra frente, respirar fundo e seguir.

Caminhos sinuosos, destinos cruzados,
O que temos de fazer pra que venha à tona
Tudo aquilo de que precisamos pra viver?

Gestos, modos, vestes, palavras e discursos?
Não, pois máscaras e trajes já não nos servem mais,
É hora de abrir a alma e deixar o coração falar...

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Minha música. Nossa música. Aquela música.

s4br 2006©

Frankfurt downtown by night.

QUANDO gosto de uma música, quero ouvi-la todo o tempo. Uma, duas, dez, cem, mil, dez mil vezes em sequência!

É a trilha sonora de minha vida. Ou melhor, de minhas vidas, posto que ao escutar aquela canção, aquele tema, aquele disco, eis que emergem lembranças e a emoções vividas, o filme, a história e as estórias minhas de todos os dias.

Pus-me a pensar e surgiu a pergunta: “Como entender se gosto ou não de uma música?”. Não levou muito tempo e concluí: é preciso que esta tome conta de meu pensamento, de meus movimentos, de minhas ações e reações; quero ser seu protagonista, seu diretor, quero cantá-la, tocá-la, senti-la, vivê-la intensamente!

Logo, surge o sentimento de “sim, esta música quisera eu tê-la composto, ter sido minha a inspiração, minha a transpiração ao criá-la”. Pronto! Esta passa, como por encanto, a fazer parte de minha “play list mental e espiritual, somos mutuamente parte e todo, comunhamos e assim, cresce meu acervo emotivo e musical.

Por conta disto, sou eu mesmo e sou tantos outros. E ao dividir tais sensações com outrem, expande-se tal experiência, passamos a ser nós mesmos e ser tantos outros.

Que rica é a experiência de viver sob o signo da música! Música que me leva a ser um poeta sensível e apaixonado, um roqueiro rebelde com sua guitarra endiabrada, um amante latino e sua sedução à flor da pele, um erudito ouvinte dos eternos clássicos, um impetuoso peão de boiadeiro em busca sua prenda, um astronauta a viajar pelo cosmos em busca de novos mundos e tantos outros!

Enfim, se o caminho desta e de todas as vidas é árduo e trabalhoso, que a música o permeie e faça com que torne-se suave e prazeroso, vívido e valoroso. Daqui para a eternidade.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Trebor Basques online!!!

s4br 2006©

Mr. Gary Brown, live at Bourbon Street Music Club!

Saudações!

A novidade de hoje é a inclusão do enlace para o 'blogue' do meu grande amigo Trebor Basques.

São ensaios, poesias e lembranças, prontas para aguçar a sensibilidade de seus leitores.

Visite-o em:

http://treborbasques.blogspot.com

Recado dado!

sexta-feira, 26 de maio de 2006

A Pena e a Paz [Mais transpiração inspirada no ar...]

s4br 2006©

Cisne às margens do Meno, Frankfurt, GER

Saudações a todos os "Blogueiros" de plantão!

É com muita satisfação que apresento-lhes algumas poucas linhas, por mim escritas em momentos de "transpiração inspirada". Espero que seja do agrado.

Forte abraço!


A Pena e a Paz.

PROCURAVA ao meu redor e não achava!
Olhei pra aquela folha de papel,
Pra aquele branco químico, soda cáustica,
Alcalino. E encontrei sua aparente Paz.

Mas minha Pena furiosa queria escrever,
Romper aquela calmaria alva do papel,
Despejar sua ira em tinta azulada, derramar palavras,
Expressar tudo aquilo que (eu) sentia e não dizia...

Imagens, fatos, relembrava o passado,
Remexendo os arquivos, revirando gavetas,
Encontrava-me com o que há muito não via,

Mas que finalmente viria à tona,
De uma mente sedenta de Saber e de Razão,
De um coração faminto de Calor e de Paixão.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

O Caminho do Guerreiro

s4br 2006©

Símbolos, luzes e cores...

Se o mundo é uma guerra, sigamos então "O Caminho do Guerreiro"!
(por Milford Maia)

CARÊNCIA de valores. Eis um dos males mais emblemáticos do final do século XX e início do século XXI, principalmente no ambiente corporativo.

Pessoas desmotivadas, apáticas, moribundas, sem-vida; tais seres em estado quase letárgico povoam instituições praticamente falidas, desprovidas de propósito e objetivo. Dado quadro transforma o mundo num local propício para males e doenças, tanto do corpo (infecções, inflamações, dores, depressão, etc.), quanto da alma (ignorância, intolerância e inversões morais).

Nestas poucas linhas, humildemente apresento-lhes o Bushi-dô (武士道) ou "O Caminho do Guerreiro", o código de honra, a conduta de vida dos antigos Samurais do Japão.

Trata-se da busca pelo conhecimento total, o domínio das artes e das habilidades guerreiras. É compreender que tudo na vida, inclusive esta vida atual, tem seu início, meio e fim.

Neste mundo afeito às comodidades da vida moderna, deve-se lembrar que nem tudo está à mão, pronto, feito, que basta um "Control-C/Control-V" no Google ou no Orkut, jamais!

Seguem os sete preceitos fundamentais do Bushi-dô:

義 - Gi (lê-se Gui, como em "guitarra"): Justiça, Eqüidade

勇 - Yu: Bravura, Coragem

仁 - Jin (lê-se Djin): Benevolência, Compaixão, Amor ao próximo

礼 - Rei (este "r" lê-se como em "caro"): Respeito, Cortesia, Amabilidade

誠 - Makoto: Honestidade, Veracidade

名誉 - Meiyo: Honra, Glória

尽忠 - Chugi (lê-se Tchu-gui): Lealdade, Dever, Devoção


Assim, nesta "guerra diária" do mundo corporativo, por que não buscar nestes preceitos, tão simples e ao mesmo tempo tão profundos, uma vida e um mundo melhor?

Deve-se elevar mente e alma para, assim, trilhar o seu próprio caminho, cerceado de verdade e amor, de crescimento e dignidade, sua "Estrada do Cosmo".

Forte abraço a todos!

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Dica do dia (1): para visualizar/escrever em caracteres japoneses (Kanji e Kana), siga o enlace abaixo e instale a fonte que mais lhe agradar:
http://www.travelphrases.info/gallery/Fonts_Japanese.html

Dica do dia (2): interessado em conhecer mais sobre a língua japonesa? Siga o enlace a seguir e divirta-se:
http://japanese.about.com

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Nota de Abertura


FINALMENTE Milford Maia lança seu olhar crítico sobre o mundo atual!

Incomodar-se é parte do processo, sem ideologias pré-fabricadas ou vinculações partidárias e sectárias.

O debate e a troca de ideias certamente nos levará a novos caminhos, ao entendimento e a um mundo melhor para vivermos.

Forte abraço a todos!