terça-feira, 4 de novembro de 2008

[retorno poético] De volta

s4br 2008©

Verão em Havana, Cuba: cultura, calor e mojitos!

MEU pensar me disse muito, de dentro, do âmago, do fundo,
A alma grita, pede o novo, não se contem,
A mente vacila, quer a lógica, não se reprime,
O corpo claudica, espera a mudança, não se detém.

Males crônicos, escolhas trágicas,
Situações cômicas, repetições dramáticas,
Atuações patéticas, atrações pífias,
Entonação ríspida, reações estúpidas.

Deixei se ser sujeito, objeto direto ou indireto,
Dum verbo transitivo, mas que teimava em intransigir,
De primeira pessoa que conjugava, nem no singular, nem plural,
Tornei-me um sujeito oculto, talvez indefinido.

Entretanto, quando presumido morto, falecido,
Eis que das espumas do mar, das ondas, do vento,
Da fina areia e do denso mangue, retorno, retomo e declaro:
"Eis a minha volta, pois não há mais porque ir".

segunda-feira, 28 de julho de 2008

[conforto poético] Potável

s4br 2007©
Tláloc, Dios de la Lluvia: Museo Nacional de Antropología, México, DF.
Tláloc, Dios de la Lluvia: Museo Nacional de Antropología, México, DF.

SOU um refém da água potável,
E do conforto da vida moderna,
Tanto o quanto for cômodo,
Tudo o que seja mecânico.

Ainda que não seja eterno,
Por mais que pareça inquebrável,
Algo que seja eletrônico,
De uso e manejo automático.

Pergunto-me, será tudo isto realmente necessário?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Milford Maia de volta a'O Gato que Pesca!!!

BOS días, ¿durmiches ben? (sim, sim, aprendi mais uma expressão em Galego!)

Após praticamente quatro meses de ausência (ou seria de sono profundo?), Milford Maia marca presença no 'blogue' O Gato que Pesca.

Dedicado a comentários musicais, paisagens sonoras e visões que vão além do quotidiano, trata-se de um trabalho conjunto, uma ação entre amigos, sempre com a música como fio condutor dos textos.

'Never There', da banda californiana CAKE (sim, com todas as letras em maiúsculas), foi o mote que gerou a seguinte postagem:

http://ogatoquepesca.blogspot.com/2008/07/never-there.html

E não deixe de visitar o próprio 'blogue', com muita música em palavras:

http://ogatoquepesca.blogspot.com

Forte abraço!

terça-feira, 8 de julho de 2008

[congelamento poético] Resfriamento Global (ou ainda Groenlândia Particular)

s4br 2008©

Eis uma boa razão para congelar-se. Mas nem isso mais é permitido...

NA alva imensidão, perdido, não sou mais que um
Solitário, sempre distante, em meu refúgio,
Em alta latitude, exposto, falta-me atitude,
Sinto frio, a noite cai e com ela, meu ânimo...

Acerto o despertador para a manhã seguinte,
Surpreso, percebo que estou seis meses mais velho,
Porém, não mais experiente ou sábio, não!
Pelo contrário, sinto-me mais cansado, esgotado.

Tardia primavera, insiste em ser inverno,
fora, o sol, a neve não consegue derreter,
Apressado verão, logo transforma-se em outono,
Aqui dentro, o dia dura outros seis meses...

Frente à vastidão polar, reajo, ponho-me a pensar:
Quebrarei o gelo, direi ‘bom dia’, antes que seja tarde demais,
Depois de anos isolado, reflito, passo a afirmar:
Abrirei a porta, direi ‘adeus’, antes que seja noite outra vez.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

[poema subjuntivo] Mais ou Menos

s4br 2008©

Milford in America: Sunset at Venice Beach, California.

Bos días! (minha primeira aula de Galego, que belo idioma!)

Após um longo período de inatividade (convalescença, excesso de trabalho, viagens, etc.), o blog de Milford Maia está de volta!

Antes de apresentar o mais recente texto, gostaria de agradecer ao amigo Scotch Miller, pela paciência e companheirismo, principalmente nos momentos mais duros do 'burnout' (em breve, falarei mais sobre o tema). E que a 'Torradeira Jedi' siga sua saga!

Enfim, estamos de volta!

Abaixo ao mais-ou-menos! Vamos ao mais, sempre!

Forte abraço!


I

CANSEI do mais ou menos,
Não sei bem como definir,
É mais ou menos assim:

Se eu vivesse um amor assim,
O mais ficava ainda mais,
E o menos, menos menos.


II

Passei do tempo de ter menos,
Não sei como pude permitir,
É menos do que sempre quis:

Que eu tenha o que mereça,
O menos deixa de estar a mais,
E o mais, dá lugar ao que era menos.


III

Entendi que é hora de ter mais,
Não sei ainda como será,
É mais do que um dia sonhei:

Quando formos nós, não mais ela e eu,
O meu e o seu, o nosso, será mais,
E o menos? Não haverá lugar pra menos!

quinta-feira, 13 de março de 2008

[exílio poético] Eu não sou eu mesmo quando estou aqui

s4br 2008©

Ausente, não me encontro. Entretanto, a quem esperas?

EU não sou eu mesmo quando estou aqui,
Adquiro uma personalidade distinta,
Pois quem me conheceu, talvez não saiba,
Que não sou este que costumo ser.

Muitos pensam que me agrada estar ,
Imaginam-me um castelo distante, bem alto,
Cujo silêncio interrompido pelo vento frio,
Faz lembrar de que fora voluntário o exílio.

Busco nas lembranças de um passado, quiçá
Não tão longínquo assim, alguém que já não sou,
Ou na distância imposta por escolhas feitas,
A conseqüência do que agora vivo e (re)colho.

Eu serei eu mesmo quando estiver,
Buscarei minhas raízes esquecidas,
Pois quem me conhecer, de certo saberá,
Que serei aquele que jamais deixei de ser.

segunda-feira, 3 de março de 2008

[dúvida poética] Talvez

s4br 2008©

Desde lejos, partiste... ¿Tal vez, quizás, a lo mejor?

É, fiz minha parte,
Tinha de tentar, não é mesmo?
Não se preocupe, sei como é,
Nem sempre dá certo.

Talvez estivesse de 'TPM',
Talvez não soubéssemos quem somos,
Talvez fosse saudade do passado,
Talvez não quisesse, simplesmente.

Tudo fica no talvez,
Porque, na verdade,
Ainda que não espere tal verdade,
Não haverá outra vez.

Pois o encanto se quebrou,
A magia que havia acabou,
Não há como colar os cacos,
Bem, já foi. Melhor partir pra outra...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

[Maniqueísmo Poético] El malo y el bueno

s4br 2008©

Lo malo: un pasado de sacrificios humanos. Lo bueno: la poderosa energía de la Pirámide del Sol, Teotihuacán, México.

EL malo hace su 'carita de ángel',
El bueno se queda callado, espera.
El malo viste su 'ropa de pobrecito',
El bueno no quiere que nadie más sufra.

En un cambio de papeles, ser malo es lo bueno,
Que por no preocuparse, se convierte en ilusión, en sueño.
En un engaño más grande aún, ser antes bueno, ahora es lo malo
Porque suena realidad, se muestra demasiado aburrido para encantarse.

Pero por suerte (o quizás casualidad, a lo mejor, justicia),
Mismo que aparentemente ganador, el malo sigue mal,
Tiene todo lo que quiere, pero nada le conviene,
Porque, de verdad, no le pertenece, ni le da ganas.

Por su parte, el bueno, tampoco se sale mejor (ni peor),
Ya que se olvida de hablar lo que quiere, lo que desea,
No se le ocurre decir al mundo a que viene, lo que aspira,
Y se queda solo, como si fuera este su destino, en silencio.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

[poema precário] Night in Bailão

s4br 2007©

Uma mesa de bar, uma cerveja gelada...

VODCA russa, made in 'lá na esquina'?
Bolsa Louis Vuitton, made in 'não sei quem fez'?
Óculos D&G, made in Largo 13?
Onde fui me meter, em meio a tantos lugares?

The Doors virou forró,
Led Zeppelin em ritmo de vanerão,
Deep Purple é quase xote,
Iron Maiden tocado em samba no salão!

Technopop alemão misturado a 'funk' carioca,
Decibéis acima do tolerável, já não sei mais onde estou!
Dance Music inglês mesclado a samba-enredo,
Luzes intensas confundem minha percepção.

Quem somos, em meio a tanta confusão,
O que sentimos, quando ouvimos tremenda 'mixagem',
Tampouco importa, ainda que seja verdadeiro,
Pois é neste 'Bailão' que eu me perco!