sexta-feira, 29 de junho de 2007

[confronto poético] Combinação

s4br 2007©
Castanha de caju ou Chocolate suíço? Por que não ambos, já que a mistura é única e inusitada?
Castanha de caju ou Chocolate suíço?
Por que não ambos, já que a mistura é única e inusitada?


SERÁ que tua praia ensolarada
Com meu dia-a-dia nublado combinam?
Façamos, então, da Beira-mar, meu escritório
E dos arranha-céus, teu observatório.

Será que tua beleza iluminada
Com minha contumaz retórica combinam?
Façamos, então, da inspiração, meu discurso
E da eloquência, teu elogio.

Será que meu implacável juízo
Com tua ousadia espontânea combinam?
Façamos, então, do desvelo, tua paixão
E das fantasias, meu diapasão.

Será que meu chocolate suíço
Com tua castanha de caju combinam?
Façamos, então, dos Alpes, teu Sertão
E das Dunas, meu Cantão.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

[comentário poético] Difícil

s4br 2007©

Sabes mesmo onde pisas? Isto é pedra, madeira ou pintura?

Enviado à equipe de 'É tarde, vou dormir...', como comentário ao inquietante texto 'Um dia especial':

UM dia que, só por estar junto daqueles que realmente importam e que realmente importam-se consigo, torna-se um dia único e valoroso.

Difícil é relacionar-se, sem tomar posse, sem subjugar a contraparte.

Difícil é abraçar, sem sufocar, sem cercear o espaço de outrem.

Difícil é partir, sem levar saudades, sem deixar lembranças.

Forte abraço!

terça-feira, 12 de junho de 2007

[poema imperativo] Esgota-me.

s4br 2007©

Bairro do Morumbi, São Paulo (com pouca luz, mas vale a abstração...).

ESGOTA-ME, a energia vital esvai-se,
Exauri-me, a força mental desaparece,
Enfraqueça-me, o ânimo diário evapora-se,
Explora-me, o físico corpóreo desfalece.

Enjaulada, resigna-se a fera, mas não se dociliza,
Sob grades e cercas, trata as feridas, cura doenças,
Abatido, recupera-se o gigante, mas não se rende,
Sobre duro e frio leito, revê os fatos, repõe forças.

Pouco a pouco, cede o pesado fardo da culpa,
O exílio, outrora interminável, é assim, superado,
Passo a passo, finda o longo caminho da busca,
O labirinto, até então intransponível, é enfim, vencido.

Alivia-me, o prazer perdido reaparece,
Abraça-me, tua necessária proteção apresenta-se,
Aqueça-me, o cobertor protege a quem merece,
Ama-me, tua natural vocação, revela-se.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

[poema a cores] Meditação em azul

s4br 2007©

Como surgiu esta fotografia? Ouça Chronologie e comprove...

JÁ havia tentado o negro, depois o cinza, enfim o branco,
Talvez por serem discretos, neutros, talvez por medo:
Escuridão pardecenta, penúmbra, seja noite ou seja dia, perdido.

Eis que surgem o esmeralda, depois o turquesa, enfim o verde,
Talvez por serem naturais, selvagens, talvez por experiência:
Inspiração vital, ave rara, seja vegetal ou seja mineral, infinito.

Vieram então o amarelo, depois o laranja, enfim o vermelho,
Talvez por serem quentes, nervosos, talvez por destempero:
Explosão luminosa, calor, seja verão ou seja inverno, derretido.

Por fim chegou o violeta, depois o anil, enfim o azul,
Talvez por serem frios, calmos, talvez por conveniência:
Meditação em azul, profundo, seja mar ou seja céu, imerso.