sexta-feira, 21 de julho de 2006

[busca poética] Uma pista para encontrá-la

s4br 2006©

Franz Ferdinand Castle, Konopistě, CZE.

ESTRADA vazia, caminho sinuoso, um bosque.
Sinais em língua bárbara afirmam já estar perto,
Logo ali, nem meia milha para chegar.
Onde foi que esta tal de Arquiduquesa foi morar?

Traços de nobre presença começam a surgir:
Jardins floridos, esculturas de inspiração clássica,
A capela, o átrio, o qual prepara as noivas para o Sonho,
Troféus de caça, ursos e pavões aguardam-me à porta.

Surpreso com a rebuscada visão que tenho,
Soam trombetas e uma leve brisa toca-me a face,
E lá no alto daquela torre, bem no alto, lá estava ela,
Encerrada, solitária, à espera de minha ousadia e coragem.

Não restou opção, senão a de vencer dura e fria escadaria.
Antigos degraus levariam-me a um novo Amor? Claro, por que não!?
O que não faz um valoroso cavaleiro pelo belo e puro sorriso de sua Musa?
E eis que hoje somos um mais uma, nós a sós na Velha Torre...

sábado, 15 de julho de 2006

Alquimia [Theophrastus Philippus Aureolus Bombastus von Hohenheim]

s4br 2006©


Alquimia.

SERÍAMOS nós também Alquimistas,
Doutores capazes de transmutar a matéria,
Já que temos por prática transformar
Meras rochas brutas em estrelas cadentes,
Minerais em astros de brilho raro e efêmero,
Detritos cósmicos em oráculos divinos?

domingo, 9 de julho de 2006

[A Musa e o Relógio] O Trem, o Verde, o Sonho

s4br 2006©

Plzeń Hlavní Nádrazí, Plzeń, CZE

Musa, do grego Moûsa, é o termo que sabiamente define, segundo o dicionário português on-line Priberam, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx:

Substantivo Feminino:
- Cada uma das nove deusas que, de acordo com a mitologia romana, presidiam às artes liberais;
- Divindade que se supunha ser inspiradora da poesia; por extensão, tudo aquilo que inspira um poeta;
- Poesia;
- Inspiração;
- Estro (imaginação criadora; entusiasmo artístico; veia poética;).

Posso até estar errado, mas creio ter me encontrado com uma destas tais divindades e grato estou pela benção recebida. Coincidência ou não, ao olhar ao relógio da estação, este marcava "11:11h". Quem já presenciou tal fato, sabe bem do que se trata.

E eis que furto-me novamente a rabiscar alguns versos, a lembrar-me do apito do trem, da verdade daqueles olhos e da sensação única de ser e estar ali.

Forte abraço!


s4br 2006©


O trem, o verde, o sonho.

UM novo trem parte da velha estação
Rumo a oeste, a apostar corrida com o Sol,
A rasgar a predominância hostil do campo,
E a seguir sua sina de partidas, despedidas e apitos.

Já que outras terras estão por conquistar,
Vislumbro janela afora, a sonhar com o futuro,
Vivo os devaneios de um menino, o doce, o presente
Prometido, a merecida recompensa, enfim, chegara.

Meus bons modos, ao simular tranquilidade
De homem decidido, conhecedor do tema,
De nada servem para ocultar meus desejos,
Tampouco a escura lente sobre meu rosto o faria.

Pois os olhos não mentem, espelho d'alma,
As pupilas bem abertas, não há pestanejos.
Frente a frente, mesmo sem saber sequer os nomes,
Somos um do outro, disto sim sabemos em silêncio.

Transpiração, inspiração, respiração... Haja coragem!
Quantos pensamentos, intensões... Abaixo aos protocolos!
Tão logo os seus tornam-se meus e, ai de mim, os meus,
Perdem-se em sua verde imensidão, tornando-nos unos.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Mi Cariño [Uma Estopa limpou-me os ouvidos!]

Estopa

¿La calle es tuya?, de Estopa

Dois irmãos que realmente são do ramo! Em seu 'blogue', o amigo Trebor Basques [ http://treborbasques.blogspot.com ] apresenta o duo catalão 'Estopa', formado por José e David Muñoz.

De uma amiga recém-chegada da Espanha, ganhei ¿La calle es tuya?. Fulminante. Avassalador. Irresistível.

Lembrei-me, então, de algo que havia escrito há tempos atrás, que vem de encontro com o atual momento, inspirado mais no desejo de possuir do que a própria posse. 'Te quiero, mi cariño'...

Forte abraço!

P.S.: Tal qual faço n'O Gato que Pesca [ http://ogatoquepesca.blogspot.com ], deixo algumas faixas no 4shared para que possam conhecer o grande Estopa.



Mi cariño

TE quiero, sin dudas
Te miro, tan lejos
Eres mi cariño, mi vida
Flaca, bella, mi nena tan linda.

Tu mirada, un mistério
Tu boca (y tus labios), mi deseo
Tu cuerpo, tan delgado, me hace perder la cordura
Tus manos, tan firmes, el toque mágico de hada.

Sin embargo, sigo acá, caminando
Los días siguen iguales, en cenizas
Esperando una señal, una sonrisa.

¿Que hago para mezclar
Mi mentira y tu verdad, mis sueños y tu realidad,
Mi silencio y tu explosión, tus miedos y mi pasión?

quarta-feira, 5 de julho de 2006

O Samba de Kutná Hora [De trilhos de trem, campos floridos e ossos, criei um samba!]

s4br 2006©

Praha Hlavní Nádrazí, Praha, CZE

Há na vida certos lugares, certos momentos que merecem e exigem registro. Uma simples viagem de trem, uma antiga cidade, tradições seculares, história e estórias a serem descobertas.

Uma vez lá, contradigo-me e encontro-me, no meu próprio âmago há o sim e o não, o poder e o não poder, o novo e o velho, o alto e o baixo, o início e o fim.

Se só a morte nos faz iguais, que sejamos, em diferentes dias, diferentes e únicos em cada jornada.

E para celebrar este dia e muitos outros que virão, atrevi-me a criar uma canção, que acredito cair bem como um samba (veja só!). Nunca fui compositor, mas lá vou dar o meu pitaco...

Forte abraço!


s4br 2006©

Trabant, um símbolo dos tempos de Socialismo (made in DDR!), numa calma rua de Kutná Hora, CZE.

O Samba de Kutná Hora

EU vi
Capelas naquele lugar,
Caveiras sobre um altar.
Subi
Ladeiras para ali chegar.
Kutná Hora,
Sempre vou lembrar.

Escondida
No centro da Europa Velha,
Palco de batalhas
E Casa de Reis Boêmios.
Ossos decorados à vista,
Lugar
Pra não esquecer na vida.

Esta cidade
Nunca teve um samba.
Talvez
Seja por isso que (eu) estive lá,
Já era tempo,
Não sei via a hora,
Pro Samba de Kutná Hora!