segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

[en español] Dibujos y Palabras

s4br 2007©

Concrete sillouetes at sunrise, Sao Paulo, Brazil

NUNCA fui bueno con dibujos,
Luego me tocaron las palabras,
Pintura, escultura, cerámica:
Intentos fallidos, aunque me encanten.

Nunca fui bueno con deportes,
Luego me tocaron las canciones,
Baloncesto, balonmano, balompié,
Esfuerzos perdidos, aunque me gusten.

Quisiera ser bueno con palabras,
Para poder mezclarlas cuando sea,
Pues si a mi me quedasen algunas letras,
Versos, estrofas y poemas a ti ofrecería.

Quisiera ser bueno con canciones,
Para poder crearlas cuando sea,
Pues si a mi me quedasen algunas notas,
Tonos, timbres y voces les casaría.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

[poesia petroquímica] Destilar-me, sublimar-me

s4br 2007©

Mais um dia de trânsito na Cidade do México...

FUMAÇA, fuligem e poluição, inspiro,
Cercado por carros, luzes e buzinas.
Monóxidos, Peróxidos e Dióxidos, expiro;
Sou somente mais um, em meio a tantos.

Asfalto, concreto e metal, transpiro,
Absorto em pensamentos vagos, fatos inconclusos.
'ABS', 'CFC' e 'GLP', suspiro;
Sou sempre o outro, em segundo plano.

Ainda que fosse mais astuto e vibrante,
Não tenho força suficiente para deixá-la:
De verdade, quisera destilar-me, sublimar-me...

Por mais que tente escapar desta metrópole,
Não vejo meios de dissociar-me de si:
Somos o um e o todo, todos somos um só.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

[clausura poética] Sem fronteiras

s4br 2007©

Grades ou persianas: há dias em que, sinceramente, me parecem iguais...

NUMA ilha de concreto e metal,
Sigo sem fronteiras, sem vizinhos,
Sem contato, sem destino.
Cercado de sombras por todos os lados,
Velhos fantasmas reaparecem,
Para um cordial 'mi casa es tu casa'...

Entretanto, não pertencemos uns aos outros,
Igual como água e óleo são imiscíveis,
Uma área em litígio nos desune: rasgando, separa-nos.
Onde a ninguém pertenço e por alguém espero.
Pois se um dia (temo), será pior,
Amanhã (não, por favor, não!), pior será...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

[momento de reflexão] O silêncio

s4br 2007©

Uma paisagem para ouvir 'Enjoy the Silence'...

Ao ler o artigo publicado pelo amigo Alexandre no 'blogue' "O Gato que Pesca", intitulado "Silêncio", pus-me a refletir e a tecer algumas palavras sobre o interpretado. Um genuíno e legítimo "Momento de Reflexão"... Eis o resultado.

Forte abraço!

MOMENTO acolhedor, protetor, reparador.

Há de ser apreciado, vivido, sentido.

Pois em silêncio, compreende-se, encontra-se, escuta-se.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

[poema numérico] Contagem Regressiva

s4br 2007©

Não importa quantos somos, mas quem somos!

MAS seriam 4 cavanhaques e 1 bigode?
Ou então 4 ases e 1 curinga?
Não, 4 casamentos e 1 funeral, não!
Melhor, 4 copos e 1 "Bourbon"!

Talvez 3 Mosqueteiros e 1 D'Artagnan?
Que tal, Los 3 Amigos e 1 estória?
Melhor, 3 talheres e 1 prato principal!

Quem sabe 2 combustíveis e 1 motor?
Melhor, 2 raquetes e 1 bom jogo!

Porém, melhor mesmo, é ser 1 entre nós e 1 só sermos, sempre juntos.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

[crônica] Vida (de solteiro, de casado, dos filhos)

s4br 2006©
Boate, carro esporte, ah, a noite... Mas será só isso mesmo a vida???
Boate, carro esporte e (ah!) a noite...
Mas será só isso mesmo a vida???


Olá novamente! Numa conversa com amigos e amigas, ao ser questionado sobre os assuntos vida de solteiro, vida de casado, filhos, etc, acabei por escrever o artigo abaixo, o qual publico em primeira mão.

Não que pretenda ser sociólogo ou psicólogo, já que não possuo formação para tal. Entretanto, creio ter algo a acrescentar a temas tão polêmicos, cujas discussões são praticamente intermináveis.

Espero que seja de bom proveito a todos.


Introdução: viver solitário ou numa solitária?

QUANTO não se ouve sobre a tal 'vida de solteiro': só festa, só bagunça, nada de responsabilidade, nada de compromisso. Porém, será mesmo este o comportamento de alguém solteiro ou de alguém muito bem preso, amarrado, vigiado?

O termo solteiro vem, de acordo com o Dicionário Priberam 'On-Line' da Língua Portuguesa, do latim 'solitariu', mesma origem da palavra portuguesa 'solitário'. Alguém abandonado, só, um eremita, que evita a convivência.

Porém, este 'solitariu' distancia-se muito do atual solteiro. O solteiro atual conta vorazmente com os recursos que estiverem ao seu alcance, não se importa com aqueles que o cercam, por vezes nem consigo mesmo.

Sabe que precisa de mais e mais, não divide, não reparte, consome os recursos que tiver a seu alcance, desconhece a palavra 'não', ignora os sentimentos de outrem, empatia, então, não lhe passa pela mente o que venha a ser.

E ao pensar que assim é livre, leve e solto, mal sabe que, a bem da verdade, não passa de uma vítima da falta de auto-conhecimento, de amor próprio e auto-estima. Vive sob a pesada vigilância de uma sociedade limitada e limitante, lotada de valores artificiais e interesses escusos, em troca de falsa benesses e pretensa liberdade.

Ou seria viver numa 'solitária', reservada a criminosos de alta periculosidade?


Um ciclo da vida ou mera tradição?

O problema está, provavelmente, na criação que as próprias mães dão (impõe) aos filhos: estes, ao procurarem uma noiva, querem encontrar a própria mãe. Ou seja, a 'esposa ideal' será uma mera substituta da 'mamãe querida', Complexo de Édipo mesmo. E quando o pimpolho encontra uma noiva que se encaixe no modelo, sogra e nora entram imediatamente em conflito, ainda que por vezes silencioso, mas ruidoso nos bastidores.

E há os benefícios nesta 'troca de dona'? Mamãe prepara aquela lasanha que só ela sabe fazer; esposa ideal veste aquela roupa mais bonita, para fazê-lo feliz; mamãe reclama que o 'filhinho' não aparece mais em casa; esposa ideal reclama que 'Mô' (pois 'Amor' é uma palavra muito longa em reclamações) chega tarde do trabalho e não janta mais em casa. Mas tudo isso é só porque ele considera-se 'querido', não são exigências do cargo de 'pimpolho da mamãe' ou 'Mozinho da minha vida'. Ledo engano.

Até que chegam os filhos, transformando a vida numa penosa missão de, no mínimo, 21 anos, 'sem direito a condicional'. Vive-se para os filhos, pelos filhos, mas nem sempre com os filhos. Claro, a criança faz gracinha, brinca, aprende. Até que surgem escola, amigos, namoros, baladas, carro, faculdade, etc.

Pronto, a criança cresceu e descobriu-se que fora criada para o mundo, não pra si. Um choque, porém, de fato necessário. E de esposa ideal, a mulher torna-se a mamãe querida, o ciclo renova-se, a vida segue, como sempre foi, desde algum ponto na pré-história, quando o ser humano escolheu viver em sociedade e não em bandos.


Auto-conhecimento e preparo:

Será, então, a tal 'vida de solteiro' é uma transgressão, um abuso, um acinte à lógica do ciclo vital do ser humano? Ser solteiro, nesta concepção de mundo, é ser um doente, um ser bizarro, um ponto de desvio na curva, um corpo estranho, um desajustado social.

Não se pode, segundo tal imposição ditatorial, ser feliz consigo mesmo, encontrar-se, realizar-se, sem a presença fiscalizadora e na maioria das vezes, inibidora, de alguém que insiste em chamar a contraparte de 'Amor', 'Mô', 'Mozinho', como se não tivesse mais nome ou isto não fosse importante.

E se talvez, os seres humanos começassem a procurar, primeiro em si mesmos, tudo o que há de bom e construtivo, para fazê-los desabrochar, florescer e assim, ter à sua volta aqueles que realmente atraíram-se por si?

Pois buscar cegamente no externo, em outro alguém, o que nem em si descobriu-se, talvez seja o maior da humanidade. Saber de si, sem egoísmo ou isolamento, mas numa jornada de auto-conhecimento, para enfim, encontrar-se no outro, completar-se, dar de si e receber da contraparte.

A luz interna a brilhar, de dentro para fora; encher-se de flores, para que venham as beija-flores e borboletas, ao invés de caçá-las inutilmente, com redes, armadilhas e artimanhas. Enjaulados, não voam com desenvoltura, não espalham o néctar, não cumprem seu papel, de embelezar a natureza e exprimir o toque divino em tudo o que há na vida.

E, enfim, iluminados e dispostos, naturalmente, encontrar-se-ão os correlatos. Mágica? Sorte? Ou seria o encontro da oportunidade com o preparo, sem falsos artifícios? Com a certeza de que uma etapa necessária à existência termina, para dar lugar a uma nova etapa, cheia de novos desafios, derrotas e vitórias, a vida, até então perdida, ganha sentido, motivação, verdade.


Conclusão: um passo à frente é necessário!

Eis que surge um novo passo: conhecer mais de si, ao ver-se refletido, de forma cristalina, no outro. Caminhar juntos, troca justa, ajuda mútua, crescimento em via de mão-dupla, vaidades postas de lado, um pelo outro, onde e quando for.

Missão difícil, mas não impossível, mesmo para um ser humano preso a tradições carnívoras, aprisionadoras, limitantes. Ao conviver em harmonia, compreende-se melhor a si mesmo e ao outro, já que formam um novo uno, mais forte e abrangente, cujo somatório é inegavelmente maior do que dois, quiçá uma soma vetorial, em que esforços comuns convergem em mesma direção, sentido e intensidade, para o bem comum.

Sucessores fortes e bem preparados, virão com naturalidade, sob o signo da consciência e do conhecimento. Bem nutridos de amor, carinho e inteligência, representarão a 'Nova Era', viverão ciclos virtuosos de vitalidade e compreensão mútua.

Enfim, o caminho é longo, árduo, mas o resultado será compensador. Basta começar agora, já. Descobrir-se a si mesmo, para descobrir o mundo e a Origem e destinação de tudo.

Forte abraço!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

[chamado poético] O Chamado

s4br 2007©
Il faut savoir quitter la table, lorsque l'amour est desservi...
Comme avait chanté Monsieur Charles Aznavour:
"Il faut savoir quitter la table, lorsque l'amour est desservi"...


E eis que, motivado pela leitura do texto de Trebor Basques, intitulado 'Calor', pus-me a combinar algumas palavras, que serviriam de comentário e resposta ao próprio. O resultado segue abaixo.

Forte abraço!

A chama incita o chamado.
O colo promove o toque.
A insônia denota a falta.
O calor impele a alma.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

[confronto poético] Combinação

s4br 2007©
Castanha de caju ou Chocolate suíço? Por que não ambos, já que a mistura é única e inusitada?
Castanha de caju ou Chocolate suíço?
Por que não ambos, já que a mistura é única e inusitada?


SERÁ que tua praia ensolarada
Com meu dia-a-dia nublado combinam?
Façamos, então, da Beira-mar, meu escritório
E dos arranha-céus, teu observatório.

Será que tua beleza iluminada
Com minha contumaz retórica combinam?
Façamos, então, da inspiração, meu discurso
E da eloquência, teu elogio.

Será que meu implacável juízo
Com tua ousadia espontânea combinam?
Façamos, então, do desvelo, tua paixão
E das fantasias, meu diapasão.

Será que meu chocolate suíço
Com tua castanha de caju combinam?
Façamos, então, dos Alpes, teu Sertão
E das Dunas, meu Cantão.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

[comentário poético] Difícil

s4br 2007©

Sabes mesmo onde pisas? Isto é pedra, madeira ou pintura?

Enviado à equipe de 'É tarde, vou dormir...', como comentário ao inquietante texto 'Um dia especial':

UM dia que, só por estar junto daqueles que realmente importam e que realmente importam-se consigo, torna-se um dia único e valoroso.

Difícil é relacionar-se, sem tomar posse, sem subjugar a contraparte.

Difícil é abraçar, sem sufocar, sem cercear o espaço de outrem.

Difícil é partir, sem levar saudades, sem deixar lembranças.

Forte abraço!

terça-feira, 12 de junho de 2007

[poema imperativo] Esgota-me.

s4br 2007©

Bairro do Morumbi, São Paulo (com pouca luz, mas vale a abstração...).

ESGOTA-ME, a energia vital esvai-se,
Exauri-me, a força mental desaparece,
Enfraqueça-me, o ânimo diário evapora-se,
Explora-me, o físico corpóreo desfalece.

Enjaulada, resigna-se a fera, mas não se dociliza,
Sob grades e cercas, trata as feridas, cura doenças,
Abatido, recupera-se o gigante, mas não se rende,
Sobre duro e frio leito, revê os fatos, repõe forças.

Pouco a pouco, cede o pesado fardo da culpa,
O exílio, outrora interminável, é assim, superado,
Passo a passo, finda o longo caminho da busca,
O labirinto, até então intransponível, é enfim, vencido.

Alivia-me, o prazer perdido reaparece,
Abraça-me, tua necessária proteção apresenta-se,
Aqueça-me, o cobertor protege a quem merece,
Ama-me, tua natural vocação, revela-se.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

[poema a cores] Meditação em azul

s4br 2007©

Como surgiu esta fotografia? Ouça Chronologie e comprove...

JÁ havia tentado o negro, depois o cinza, enfim o branco,
Talvez por serem discretos, neutros, talvez por medo:
Escuridão pardecenta, penúmbra, seja noite ou seja dia, perdido.

Eis que surgem o esmeralda, depois o turquesa, enfim o verde,
Talvez por serem naturais, selvagens, talvez por experiência:
Inspiração vital, ave rara, seja vegetal ou seja mineral, infinito.

Vieram então o amarelo, depois o laranja, enfim o vermelho,
Talvez por serem quentes, nervosos, talvez por destempero:
Explosão luminosa, calor, seja verão ou seja inverno, derretido.

Por fim chegou o violeta, depois o anil, enfim o azul,
Talvez por serem frios, calmos, talvez por conveniência:
Meditação em azul, profundo, seja mar ou seja céu, imerso.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

[visão poética] Poetizo

s4br 2007©

Arte moderna, Starbucks, Frankfurt, GER.

Cena 1: o fato

JUNTO a ti, de forma virtual ou não,
Acabo quase sempre a poetizar os fatos,
De palavras usadas até simples gestos,
Do quotidiano ao inusitado, sem maior distinção:
Torno-me inevitavelmente inspirado.


Cena 2: o caminho

Em plena marcha, sem demora ou distração,
Passo finalmente a seguir a rota do destino,
De estradas largas até escuros caminhos,
Do concreto ao asfalto, sem qualquer indicação:
Torno-me notadamente concentrado.


Cena 3: o encontro

Agradável, o tempo passa rapidamente, sem sentir,
De um simples sanduíche e suco natural, tem-se um jantar,
Amigável, o assunto flui naturalmente, sem perceber,
De uma simples conversa e sorrisos sinceros, tem-se um encontro:
Torno-me novamente vivo.


Cena 4: o improviso

Aprazível, o 'tour du propriétaire' é sucinto, sem cansar,
De conceitos diversos e arte moderna, tem-se um estilo,
Confortável, o 'living room' é arrojado, sem exagerar,
De formas diversas e improvisos inteligentes, tem-se um lar:
Torno-me imediatamente impressionado.


Cena 5: o silêncio

Um filme na televisão, ouço vozes estrangeiras e um piano,
Ando nas pontas dos pés, piso em cascas de ovos,
Todo o cuidado é pouco, a atenção redobrada, silêncio!
Teu merecido sono é prêmio, para um dia de trabalho árduo:
Torno-me especialmente zeloso.


Cena 6: o sonho

No conforto do sofá, observo teu rosto e teus sonhos,
Respiro fundo, tento ensaiar alguns versos,
Toda a tensão à tona, a garganta seca, socorro!
Tua delicada beleza é consolo, para o impasse que me arrebata:
Torno-me incorrigivelmente romântico.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

[poema fatalista] C'est fini, c'est la vie...

s4br 2007©

Bicicleta sem ciclista: solidão ou tempo de descanso?

I

DÉJÀ-VU?
Lugares até mudam,
Mas a estória se repete.


II

Again?
O tempo parece até ser outro,
Mas as situações são idênticas.


III

¿Otra vez?
Atores, atrizes, novo elenco,
Mas o roteiro invaria, é fatal.


IV

Oh não, de novo não!
Um espetáculo que começa bem,
Cujo final, porém, já se sabe de antemão: c'est fini, c'est la vie...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

[poema astigmático] O Conflito

s4br 2006©

Sim, eu sei que horas eram...

UMA luz refletida em tons dourados
Fez-me ver o que há muito não via:
Olhar sincero, sorriso aberto,
Palavras doces, desejos à flor da pele.

Sob um aspecto duro, por vezes crítico,
Reside um coração verdadeiro e solitário,
À espera de merecida compreensão e cumplicidade,
De toda a paixão guardada e pronta a surgir.

Maniqueismo individual, o Hades e o Olimpo em conflito,
O equilíbrio entre o bem e o mal, choque de opiniões,
Dualidade e ambiguidade, saudáveis ao uno que somos,
Sabedoria e ternura, necessárias à luta nossa de cada dia.

[outro poema de bar] O Convite

s4br 2007©

A mesa, solitária, num momento de reflexão...

O convite fora amplo, feito a todos.
A resposta, sempre clara, é dada a quem merece.
O trajeto, mesmo que sinuoso, é obstáculo transposto.
A chegada, início caloroso, demanda o brinde.

A sede é logo vencida, gole a gole, copo a copo.
O assunto é atual e a todos importa, anima.
A fome fica para trás, sob as chamas de um 'rechaud'.
O verbo talvez coincida, mas na verdade, confirma.

O fato de estarmos aqui nos transforma, edifica.
A presença de tão nobres cavalheiros é única, distinta.
O ruído por vezes distorce o sentido das coisas, nos cega.
A lembrança, memória indelével, porém, é visão eterna, vida vivida.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

[participação especial] O Pródigo

s4br 2007©

Espaço reservado ao 1º ano do 'blogue' de Trebor Basques!

MINHA casa é onde estou, cidadão cosmopolita.
Meu refúgio é pra onde vou, falso fugitivo.
Minha chegada é sempre, viajante frequente.
Meu retorno é agora, verdadeiro pródigo.


P.S.: E coube o número 41 (#41, da Dave Matthews Band!) à justa homenagem ao amigo Trebor Basques! É como sempre dissemos, nada é por acaso...

sexta-feira, 30 de março de 2007

[poema de bar] Sobre a mesa

s4br 2007©

Garçom, a conta, por favor!

SOBRE a mesa não há somente copos e garrafas,
Sentimos alegria, ouvimos estórias, bebemos verdades.

Sobre a mesa não há somente pratos e talheres,
Dividimos experiências, contamos anedotas, comemos sinceridade.

Sobre a mesa não há somente cinzeiros e bitucas,
Falamos bobagens, pensamos loucuras, respiramos satisfação.

Sobre a mesa não há somente a conta e a saideira,
Vemos brilho no olhar, sorrimos amizade, até pagamos, mas preço, não há.

terça-feira, 27 de março de 2007

[um clique poético] Fotografia

s4br 2006©

Estação / Gare de Benešov, CZE

EM fotos me vejo diferente,
Luzes, matizes, tons, sombras:
Jogo de mostrar e esconder, imagem fixa,
Movimento captado, olhar perspicaz.

Posso ser quem quero parecer,
Faço poses, caras e bocas,
Posso parecer quem quiser ser,
Faço de mim objeto e motivo do retrato.

Fotografia é mente projetada em lentes,
Pensamento traduzido em imagem,
Não uso "flash", quero tudo como está,
Foco e desfoco, disparo e pronto!

Mensagem codificada em cristais de prata e película,
Em mapas binários, digitais, memória eletrônica,
O sim e o não, o aceso e o apagado, o visto e o sonhado,
Revelam-se sobre papel ou tela, à espera de um olhar...

quinta-feira, 22 de março de 2007

[homenagem poética] Entre uns e outros

s4br 2006©

De que vale um gramado só pra olhar?

O primeiro casou cedo e depois separou,
O outro, em uma semana vai ao altar.

O filho de um briga e sai de casa,
O do outro, em uma semana nasce.

O primo de um tem bebês gêmeos,
O outro, adota João e Maria (ou seriam 'padawans'?).

A amada de um tem vergonha, 'vergoinha',
A do outro, sofre, 'sofreninho'.

Um reencontra a amada após sete anos,
O outro, entre sete numa casa, encontra a sua.

A amada de um vai ao Paraná, mas sempre volta,
Já a do outro, deixou o Paraná e não volta mais.

Um perde o emprego porque é bom,
O outro, também. E logo encontram nova casa.

Por que a pressa?, um perguntou,
Pera lá, pera lá, pera lá, outro responde.

O teatro de um era trágico,
Mas junto dos outros, tornou-se mágico.

O convite de um tem um porquê,
A resposta do outro, um 'por que não'?

O relógio de um indica o momento vivido,
Os outros, já sabem, sem dúvidas, são 11:11h.

sexta-feira, 16 de março de 2007

[jogo rápido] Algumas quadras alinhavadas, parte um:

s4br 2006©

Cafeteria e Doçaria: juntos, amargo e doce...

I

SEXTAS-FEIRAS, não as comemoro,
Feriados e pontos facultativos, tampouco.
Celebrações gratuitas, vazias,
Falso alívio de tensões diárias.


II

Tempo e espaço, noção já não há,
Passado e presente, quem dera.
Felicidade restrita, insípida,
Triste fuga da realidade indesejada.


III

Poluição, pelo mundo se espalha,
Visual e sonora, atmosférica e hídrica.
Degradação escandalosa, erosão do solo,
Iminente perigo num ambiente agressivo.


IV

Pensamentos, nem sempre claros, indistintos,
Desejos e anseios, turbilhões emotivos.
Incontáveis encontros, desencontros,
Silencioso clamor de almas inocentes.


V

Palavra, ferramenta da expressão viva,
Escrita e lida, por vozes cantada e proferida.
Esperada compreensão, código cifrado,
Saudável satisfação de objetivo alcançado.

segunda-feira, 12 de março de 2007

[missão poética] Encontro Marcado

s4br 2006©

Vista do Jardim da Arquiduquesa d'Áustria

DISTANTE, tenho encontro marcado
Com o destino que me cabe,
Ainda que não o aceitasse,
Sei que o momento é chegado.

Um passo à frente, evolução se exigia,
Em batismo de fogo, novo ciclo se inicia,
Ver o que antes, em trevas, não se via,
Ouvir o que antes, em ruídos, não se ouvia.

Recebo em mãos, saber milenar, infinito,
Sob forma de letras, prosas e versos,
Em pedra talhada, pergaminhos e papiros,
A compreensão de que só e um só é o caminho.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

[musa perdida] Simples e elegante

s4br 2006©

Hauptwache, Frankfurt, GER

SIMPLES e elegante, vestida nobremente,
Mãos e pés igualmente delicados,
O olhar, perdido em pensamentos (aparentemente vagos),
Uma leve melancolia no ar...

(interpreto) Um silêncio discreto,
Sensação de prisão dentro de si mesma,
A necessidade de expressar-se
E não saber como ou para quem fazê-lo.

Sei que posso mudar a história (minha, sua, nossa?),
Mas como romper o "gelo" (dúvidas, dúvidas...)?
Como quebrar o protocolo (a sociedade, sempre ela!),
Apresentar quem sou (o que penso, o que posso)?

Encorajo-me, respiro fundo (agora é a hora!),
Ouço um violão, uma voz melodiosa,
Composição inspirada e inspiradora (sim, sim!),
Trilha sonora de um filme mudo, em branco e preto.

Envolto em súbita coragem (querer é poder!),
Deixo-me levar, mas já é tarde (outra vez, não!).
Na sinfonia urbana, no caos sonoro, sua imagem se esvai,
Entre fumaça, fuligem, buzinas e uma leve brisa de verão...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

[poema em trânsito] Ou é Fiesta ou é táxi...

s4br 2007©

Miraram bem na olhoca direita! Que obra!

OU é Fiesta, ou é táxi:
Nada de ficar parado no trânsito.

Ou é guarda-chuva, ou é ônibus:
Nada de se preocupar com caronas.

Ou é fila, ou é avião:
Nada de desespero no saguão.

Ou é sim, ou é não:
Nada de algo em lugar algum.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

[poema rubricado] Burocracia

s4br 2006©

Quantos papéis ainda preciso assinar para ter um Jaguar?

ASSINO papéis, papéis e mais papéis!
Tudo é urgente, tudo é p'ra ontem!
Carimbos, cancelas, rubricas, selos:
O referido é verdade e dou fé.

Mas em que? Em quem? Alguém me diga!
Olho pela janela e não vejo fé,
Não vejo ninguém, não vejo nada
A não ser tinta, papel e fadiga...

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

[spleen] Ruínas emocionais

s4br 2006©

Quem dera saber quem são...

UMA leve tristeza no ar,
Melancolia, talvez, não sei.
Saudades de algo que está por vir?
Apreensão, expectativa, suspense,
Será meu o que o futuro agora delineia?

Tento fazer o tempo correr, em vão,
Sinto-me exposto, frágil, perdido até,
Pois algo que há muito não ocorria,
Barreira outrora intransponível,
Hoje cai por terra, em ruínas emocionais...

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

[cárcere poético] Prisioneiro

s4br 2006©

Passos, para onde me levam?

HAVIA portas, mas não há saída,
Sentia frio, ar seco, tremores,
Havia janelas, mas não há vista,
Sentia medo, ar soturno, temores.

De triste e obscura cela, um calabouço,
Em devaneios mal interpretados, vem a apatia.
Desolado, rasga-me a face o vento, nada ouço,
Em delírios mal compreendidos, vem a agonia.

Meu martírio necessário, culpa ou temeridade?
Passam-se horas, dias, semanas em vão,
Meu castigo voluntário, fuga ou necessidade?
Perdem-se sonhos, vontades, amores de então.

Inerte, em inabalável sono, respiro, transpiro:
Tal como se fosse este exílio (meu desejo) verdadeiro.
Imerso, em confortável transe, suspiro, reflito:
Talvez seja este, sim, meu destino, prisioneiro...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

[fragmentos poéticos] Lamentos sentimentais variados...

s4br 2006©

Deus Posídon, Konopistě, CZE

I

NÃO nasceu para amar,
Triste sina ou opção?
Não nasceu para o Amor,
Será destino ou maldição?


II

Quantas vezes procurou,
Outras vezes se escondeu,
Quando não se quer, surge,
Mas se tanto deseja, foge.


III

Não ser o que se é,
Necessidade ou condição?
Não ser, nem deixar de ser,
Será hábito ou tradição?


IV

Corte marcial, julgado culpado,
Sem direitos sequer, condenado,
Sentimentos gélidos, abaixo de zero,
Tem no peito um "iceberg" ou um coração?


V

É ver para crer, sempre ouvia,
E ao ver, não pôde crer,
Pior cego, nunca ver queria,
E ao crer, não pôde esquecer.


VI

Caminhos cruzados? Farol vermelho.
Encontro marcado? Sempre atrasado.
Um telefonema? Sinal de ocupado.
Um brinde a nós? Cristal quebrado.
(Não há como, é o fim da linha...)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

[renovação] Ano Nove!

s4br 2006©

Corinthia Towers Hotel, Praga, CZE

ANO nove, vida nova,
Mágica somatória de algarismos.
Ano novo, vida dez,
Ciclo vital que se renova!

Sai o velho, chega o novo,
Se não nos serve, aos caixotes e cestos!
Faxina total, limpeza geral,
Nada de sujeira por debaixo do tapete!

Vemos novas cores, luzes e matizes,
Mentes em ação, corpos em movimento,
Revolução total, evolução geral,
Transpiramos mudanças, respiramos vida!

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

[poema dilacerado] Incompleto

s4br 2006©

Vista do Rio Vltava, Praga, CZE

Eis que surge a primeira publicação de 2007. Feliz Ano Novo!

A expectativa é de que seja do agrado, à altura de seu apurado gosto.

Forte abraço!

TENHO um ciclo incompleto na vida,
Do qual tento fugir, esquecer-me, ocultar-lhe,
Mas, como um rio, que vai de encontro ao mar,
Meu desejo (a contragosto) renova-se, não se abala,

Segue sua rota por entre vales e montanhas,
Desbrava caminhos e trilhas, enfrenta até a razão,
Até desaguar (em tormentas), selvagem, pulsante,
Num confuso oceano de gestos e sensações, chamado paixão...