quarta-feira, 29 de novembro de 2006

[poesia radioativa] Exposição

s4br 2006©

Frankfurt Hauptbahnhof: A vida passa rápido (como um trem-bala ICE)...

EVITO a exposição, exposto à radiação,
Obras expostas, mentes indispostas,
Exponha suas ideias, em troca receba dúvidas,
Seja você mesmo, não seja mais ninguém.

Acreditar em quem? Em quem em nada crê?
Sei bem ir pra onde quero, mas quem quer ir também?
Quem convido ao caminho, noutra direção caminha,
Quem evito e desvio, teima em cruzar meus trilhos.

Urânio, Netúnio e Plutônio enriquecidos,
Combustível nuclear, energia do futuro,
As órbitas mais distantes da estrela do dia,
Inspiram e nomeiam tal material mortífero.

Entretanto, mais letal, cruel, lento e corrosivo,
Fusão nuclear a frio, bomba atômica sentimental,
Seu amor é leucêmico, mutante, reação em cadeia,
Sua meia-vida. Minha inteira-morte.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

[reflexão poética] E não foi amor de praia...

s4br 2006©

Alte Brücke, Frankfurt, GER

I

E não foi amor de praia,
Esse, que como sempre ouvi dizer,
Não sobre a serra.

É simples e puro, como deve ser,
Mas de tão verdadeiro que é,
Às vezes assusta, intimida:

Será mesmo pra ti um Amor assim?


II

E não foi amor de praia,
Que como passos na areia,
Uma mera onda apaga.

É secreto e íntimo, como deve ser,
Mas de tão sutil que é,
Às vezes esconde-se, num mar de sensações:

Será mesmo pra mim um Amor assim?


III

E não foi amor de praia,
Que preso ao limo das rochas,
Não cresce jamais e por lá fica.

É forte e intenso, como deve ser,
Mas de tão profundo que é,
Às vezes chega a doer, sem machucar:

Será mesmo pra nós um Amor assim?

terça-feira, 21 de novembro de 2006

[serviço] Divulgação de obras de domínio público

s4br 2006©

Teatro Mágico (Teatro Dom Bosco, Campinas, a convite de Trebor Basques!): A arte em movimento, o palco...

SAUDAÇÕES!

Eis algo que não podemos deixar passar em branco! São obras de domínio público, textos, sons, vídeos e imagens, disponíveis a todos, no Portal Domínio Público, do Governo Federal.

O acervo digital inclui desde obras de Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa e Machado de Assis, até mapas antigos, fotografias e obras narradas em formato MP3.

Eis o enlace para consultas e divulgação:

http://www.dominiopublico.gov.br

Forte abraço a todos!

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

[crônica poética] Gente com medo de gente

s4br 2002©

São Paulo by night...

SOZINHO, ando pela metrópole,
Sou grão de poeira em meio à fuligem,
Engrenagem suja e empenada
Da fria máquina de fabricar máquinas.

Anonimato: benção ou maldição?
Não sei quem está por trás da outra porta,
E tampouco sabem se estou vivo ou morto.
Mas será que eu mesmo sei quem sou?

Silêncio de elevador, não há escadas,
Por instantes, o público torna-se íntimo,
Espirrar, tossir, pigarrear? Nem pensar!
Dentro desta caixa, somos todos 'milordes'!

Olhares desviam-se, as cabeças baixas,
Fingem procurar algo nos bolsos, disfarçam.
Tento descobrir quem está ao lado. Em vão.
Pois isto é gente com medo de gente...