sexta-feira, 30 de março de 2007

[poema de bar] Sobre a mesa

s4br 2007©

Garçom, a conta, por favor!

SOBRE a mesa não há somente copos e garrafas,
Sentimos alegria, ouvimos estórias, bebemos verdades.

Sobre a mesa não há somente pratos e talheres,
Dividimos experiências, contamos anedotas, comemos sinceridade.

Sobre a mesa não há somente cinzeiros e bitucas,
Falamos bobagens, pensamos loucuras, respiramos satisfação.

Sobre a mesa não há somente a conta e a saideira,
Vemos brilho no olhar, sorrimos amizade, até pagamos, mas preço, não há.

terça-feira, 27 de março de 2007

[um clique poético] Fotografia

s4br 2006©

Estação / Gare de Benešov, CZE

EM fotos me vejo diferente,
Luzes, matizes, tons, sombras:
Jogo de mostrar e esconder, imagem fixa,
Movimento captado, olhar perspicaz.

Posso ser quem quero parecer,
Faço poses, caras e bocas,
Posso parecer quem quiser ser,
Faço de mim objeto e motivo do retrato.

Fotografia é mente projetada em lentes,
Pensamento traduzido em imagem,
Não uso "flash", quero tudo como está,
Foco e desfoco, disparo e pronto!

Mensagem codificada em cristais de prata e película,
Em mapas binários, digitais, memória eletrônica,
O sim e o não, o aceso e o apagado, o visto e o sonhado,
Revelam-se sobre papel ou tela, à espera de um olhar...

quinta-feira, 22 de março de 2007

[homenagem poética] Entre uns e outros

s4br 2006©

De que vale um gramado só pra olhar?

O primeiro casou cedo e depois separou,
O outro, em uma semana vai ao altar.

O filho de um briga e sai de casa,
O do outro, em uma semana nasce.

O primo de um tem bebês gêmeos,
O outro, adota João e Maria (ou seriam 'padawans'?).

A amada de um tem vergonha, 'vergoinha',
A do outro, sofre, 'sofreninho'.

Um reencontra a amada após sete anos,
O outro, entre sete numa casa, encontra a sua.

A amada de um vai ao Paraná, mas sempre volta,
Já a do outro, deixou o Paraná e não volta mais.

Um perde o emprego porque é bom,
O outro, também. E logo encontram nova casa.

Por que a pressa?, um perguntou,
Pera lá, pera lá, pera lá, outro responde.

O teatro de um era trágico,
Mas junto dos outros, tornou-se mágico.

O convite de um tem um porquê,
A resposta do outro, um 'por que não'?

O relógio de um indica o momento vivido,
Os outros, já sabem, sem dúvidas, são 11:11h.

sexta-feira, 16 de março de 2007

[jogo rápido] Algumas quadras alinhavadas, parte um:

s4br 2006©

Cafeteria e Doçaria: juntos, amargo e doce...

I

SEXTAS-FEIRAS, não as comemoro,
Feriados e pontos facultativos, tampouco.
Celebrações gratuitas, vazias,
Falso alívio de tensões diárias.


II

Tempo e espaço, noção já não há,
Passado e presente, quem dera.
Felicidade restrita, insípida,
Triste fuga da realidade indesejada.


III

Poluição, pelo mundo se espalha,
Visual e sonora, atmosférica e hídrica.
Degradação escandalosa, erosão do solo,
Iminente perigo num ambiente agressivo.


IV

Pensamentos, nem sempre claros, indistintos,
Desejos e anseios, turbilhões emotivos.
Incontáveis encontros, desencontros,
Silencioso clamor de almas inocentes.


V

Palavra, ferramenta da expressão viva,
Escrita e lida, por vozes cantada e proferida.
Esperada compreensão, código cifrado,
Saudável satisfação de objetivo alcançado.

segunda-feira, 12 de março de 2007

[missão poética] Encontro Marcado

s4br 2006©

Vista do Jardim da Arquiduquesa d'Áustria

DISTANTE, tenho encontro marcado
Com o destino que me cabe,
Ainda que não o aceitasse,
Sei que o momento é chegado.

Um passo à frente, evolução se exigia,
Em batismo de fogo, novo ciclo se inicia,
Ver o que antes, em trevas, não se via,
Ouvir o que antes, em ruídos, não se ouvia.

Recebo em mãos, saber milenar, infinito,
Sob forma de letras, prosas e versos,
Em pedra talhada, pergaminhos e papiros,
A compreensão de que só e um só é o caminho.