segunda-feira, 14 de maio de 2007

[visão poética] Poetizo

s4br 2007©

Arte moderna, Starbucks, Frankfurt, GER.

Cena 1: o fato

JUNTO a ti, de forma virtual ou não,
Acabo quase sempre a poetizar os fatos,
De palavras usadas até simples gestos,
Do quotidiano ao inusitado, sem maior distinção:
Torno-me inevitavelmente inspirado.


Cena 2: o caminho

Em plena marcha, sem demora ou distração,
Passo finalmente a seguir a rota do destino,
De estradas largas até escuros caminhos,
Do concreto ao asfalto, sem qualquer indicação:
Torno-me notadamente concentrado.


Cena 3: o encontro

Agradável, o tempo passa rapidamente, sem sentir,
De um simples sanduíche e suco natural, tem-se um jantar,
Amigável, o assunto flui naturalmente, sem perceber,
De uma simples conversa e sorrisos sinceros, tem-se um encontro:
Torno-me novamente vivo.


Cena 4: o improviso

Aprazível, o 'tour du propriétaire' é sucinto, sem cansar,
De conceitos diversos e arte moderna, tem-se um estilo,
Confortável, o 'living room' é arrojado, sem exagerar,
De formas diversas e improvisos inteligentes, tem-se um lar:
Torno-me imediatamente impressionado.


Cena 5: o silêncio

Um filme na televisão, ouço vozes estrangeiras e um piano,
Ando nas pontas dos pés, piso em cascas de ovos,
Todo o cuidado é pouco, a atenção redobrada, silêncio!
Teu merecido sono é prêmio, para um dia de trabalho árduo:
Torno-me especialmente zeloso.


Cena 6: o sonho

No conforto do sofá, observo teu rosto e teus sonhos,
Respiro fundo, tento ensaiar alguns versos,
Toda a tensão à tona, a garganta seca, socorro!
Tua delicada beleza é consolo, para o impasse que me arrebata:
Torno-me incorrigivelmente romântico.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

[poema fatalista] C'est fini, c'est la vie...

s4br 2007©

Bicicleta sem ciclista: solidão ou tempo de descanso?

I

DÉJÀ-VU?
Lugares até mudam,
Mas a estória se repete.


II

Again?
O tempo parece até ser outro,
Mas as situações são idênticas.


III

¿Otra vez?
Atores, atrizes, novo elenco,
Mas o roteiro invaria, é fatal.


IV

Oh não, de novo não!
Um espetáculo que começa bem,
Cujo final, porém, já se sabe de antemão: c'est fini, c'est la vie...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

[poema astigmático] O Conflito

s4br 2006©

Sim, eu sei que horas eram...

UMA luz refletida em tons dourados
Fez-me ver o que há muito não via:
Olhar sincero, sorriso aberto,
Palavras doces, desejos à flor da pele.

Sob um aspecto duro, por vezes crítico,
Reside um coração verdadeiro e solitário,
À espera de merecida compreensão e cumplicidade,
De toda a paixão guardada e pronta a surgir.

Maniqueismo individual, o Hades e o Olimpo em conflito,
O equilíbrio entre o bem e o mal, choque de opiniões,
Dualidade e ambiguidade, saudáveis ao uno que somos,
Sabedoria e ternura, necessárias à luta nossa de cada dia.

[outro poema de bar] O Convite

s4br 2007©

A mesa, solitária, num momento de reflexão...

O convite fora amplo, feito a todos.
A resposta, sempre clara, é dada a quem merece.
O trajeto, mesmo que sinuoso, é obstáculo transposto.
A chegada, início caloroso, demanda o brinde.

A sede é logo vencida, gole a gole, copo a copo.
O assunto é atual e a todos importa, anima.
A fome fica para trás, sob as chamas de um 'rechaud'.
O verbo talvez coincida, mas na verdade, confirma.

O fato de estarmos aqui nos transforma, edifica.
A presença de tão nobres cavalheiros é única, distinta.
O ruído por vezes distorce o sentido das coisas, nos cega.
A lembrança, memória indelével, porém, é visão eterna, vida vivida.