quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

[spleen] Ruínas emocionais

s4br 2006©

Quem dera saber quem são...

UMA leve tristeza no ar,
Melancolia, talvez, não sei.
Saudades de algo que está por vir?
Apreensão, expectativa, suspense,
Será meu o que o futuro agora delineia?

Tento fazer o tempo correr, em vão,
Sinto-me exposto, frágil, perdido até,
Pois algo que há muito não ocorria,
Barreira outrora intransponível,
Hoje cai por terra, em ruínas emocionais...

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

[cárcere poético] Prisioneiro

s4br 2006©

Passos, para onde me levam?

HAVIA portas, mas não há saída,
Sentia frio, ar seco, tremores,
Havia janelas, mas não há vista,
Sentia medo, ar soturno, temores.

De triste e obscura cela, um calabouço,
Em devaneios mal interpretados, vem a apatia.
Desolado, rasga-me a face o vento, nada ouço,
Em delírios mal compreendidos, vem a agonia.

Meu martírio necessário, culpa ou temeridade?
Passam-se horas, dias, semanas em vão,
Meu castigo voluntário, fuga ou necessidade?
Perdem-se sonhos, vontades, amores de então.

Inerte, em inabalável sono, respiro, transpiro:
Tal como se fosse este exílio (meu desejo) verdadeiro.
Imerso, em confortável transe, suspiro, reflito:
Talvez seja este, sim, meu destino, prisioneiro...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

[fragmentos poéticos] Lamentos sentimentais variados...

s4br 2006©

Deus Posídon, Konopistě, CZE

I

NÃO nasceu para amar,
Triste sina ou opção?
Não nasceu para o Amor,
Será destino ou maldição?


II

Quantas vezes procurou,
Outras vezes se escondeu,
Quando não se quer, surge,
Mas se tanto deseja, foge.


III

Não ser o que se é,
Necessidade ou condição?
Não ser, nem deixar de ser,
Será hábito ou tradição?


IV

Corte marcial, julgado culpado,
Sem direitos sequer, condenado,
Sentimentos gélidos, abaixo de zero,
Tem no peito um "iceberg" ou um coração?


V

É ver para crer, sempre ouvia,
E ao ver, não pôde crer,
Pior cego, nunca ver queria,
E ao crer, não pôde esquecer.


VI

Caminhos cruzados? Farol vermelho.
Encontro marcado? Sempre atrasado.
Um telefonema? Sinal de ocupado.
Um brinde a nós? Cristal quebrado.
(Não há como, é o fim da linha...)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

[renovação] Ano Nove!

s4br 2006©

Corinthia Towers Hotel, Praga, CZE

ANO nove, vida nova,
Mágica somatória de algarismos.
Ano novo, vida dez,
Ciclo vital que se renova!

Sai o velho, chega o novo,
Se não nos serve, aos caixotes e cestos!
Faxina total, limpeza geral,
Nada de sujeira por debaixo do tapete!

Vemos novas cores, luzes e matizes,
Mentes em ação, corpos em movimento,
Revolução total, evolução geral,
Transpiramos mudanças, respiramos vida!

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

[poema dilacerado] Incompleto

s4br 2006©

Vista do Rio Vltava, Praga, CZE

Eis que surge a primeira publicação de 2007. Feliz Ano Novo!

A expectativa é de que seja do agrado, à altura de seu apurado gosto.

Forte abraço!

TENHO um ciclo incompleto na vida,
Do qual tento fugir, esquecer-me, ocultar-lhe,
Mas, como um rio, que vai de encontro ao mar,
Meu desejo (a contragosto) renova-se, não se abala,

Segue sua rota por entre vales e montanhas,
Desbrava caminhos e trilhas, enfrenta até a razão,
Até desaguar (em tormentas), selvagem, pulsante,
Num confuso oceano de gestos e sensações, chamado paixão...